sábado, 11 de outubro de 2008

possível teaser-pôster de anjos e demônios!



sempre achei que o grande problema da adaptação de o código da vinci foi ter se levado muito a sério. claro que é um tema polêmico, o livro fez sucesso por causa disso, mas era tudo divertido. você lia, falava “olha que interessante”, fechava o livro e seguia sua vida. muitas pessoas quiseram entrar no embalo pra faturar uma grana e inventaram um monte de documentários e livros, dando à obra uma importância que não merecia. e foi esse o pecado do filme, tratar tudo com uma seriedade que prejudicou muito o filme. isso tudo e o cabelo do tom hanks, que era medonho.

agora que a sua preqüência está sendo filmada como seqüência, temos a chance de ver um pouco mais do simbologista robert langdon, na aventura que eu achei muito mais divertida de ler do que o livro sobre a linhagem de jesus cristo, mesmo com o lance do pano como pára-quedas.

algumas imagens do set já percorreram a internet há uns meses, mas agora parece ter surgido o teaser-poster do filme. a imagem apareceu no site islandês (!) Topp5.is, e devo dizer que me agradou. o pôster, que é aquele ali de cima, só tem um defeito, que é o fato de não usar a fonte estilosa, que parecia um ambigrama. pelo menos a estátua, meio anjo e meio demônio, olhando pra praça de são pedro no vaticano ficou assaz.

ainda não foi confirmado pelo estúdio se esse pôster é verdadeiro, ou só a obra de um fã com muito tempo e talento pra criar um cartaz como esse. de qualquer forma, vale pela imagem interessante, e para dizer duas coisas: a primeira é que anjos e demônios tem previsão de estréia para dia 15 de maio de 2009. a outra coisa é… será que a ativação do grande acelerador de partículas, o LHC, seria um grande viral do filme? hehehe

south park: spielberg e george lucas estupram indiana jones

south Pprk é pertubador, ponto. por mais doentia que nossas mentes possam ser, dificilmente imaginaremos maneiras tão nojentas de zoar alguém/alguma coisa como a patota de matt stone e trey parker.

o dublador do chef (que pereceu recentemente, inclusive) ficou com frescura e quis sair da série. putos com o ataque emo, os produtores resolveram limbar o personagem. mas simplesmente mandar o tio para uma viagem repentina e nunca mais voltar seria sem graça demais, então eles o assassinaram com requintes de crueldade.

a caricata demonstração de acefália, por parte dos produtores, dessa vez se deu no episódio de ontem, e com um dos ícones do cinema: indiana Jones. não sei do que a história do episódio trata, não sei se a cena se encaixa de alguma maneira na trama ou se foi apenas um devaneio psicopata que está ali só por farra, mas seja lá como for… steven spielberg AND george lucas estupram de maneira selvagem o pobre indy.

eis o vídeo com o trecho onde ocorre o nesfasto fato:

domingo, 5 de outubro de 2008

missão babilônia: um dos piores finais ever!

quando o diretor e o astro principal falam mal do próprio filme, vamos ao cinema sabendo que não será uma produção muito boa. vi o filme há algumas horas e ainda não acredito no que vi. mesmo com o falatório de vin diesel e do diretor mathieu kassovitz, que revelaram não terem gostado do resultado final do filme, totalmente alterado e editado pela fox, 'missão babilônia' começa muito bem. com uma bela fotografia e uma cena inicial de ação de cair o queixo, somos apresentados a um medonho futuro e personagens bastante enigmáticos.

"um matador de aluguel (diesel) é contratado para transportar uma "encomenda" - uma garota inocente, criada num mosteiro - dos destroços de uma paisagem pós-apocalíptica no leste europeu para a agitada metrópole nova york. mas a tarefa está longe de ser um trabalho típico para esse mercenário durão, pois quando ele, a moça e seu temeroso guardião iniciam a viagem de 9.600 quilômetros, são ameaçados por uma seita religiosa que demonstra um especial interesse na jovem - que pode ter o segredo para a salvação da humanidade."

comparando a conclusão de missão babilônia a um “final ruim de 24 horas”, kassovitz pretendia dirigir um longa muito mais fiel ao livro babylon babies, livro de ficção científica de maurice georges dantec cultuado na frança, mas inédito no mercado editorial brasileiro. no fim, a fox cortou 70 minutos da versão original de kassovitz a fim de baixar a censura do filme nos cinemas e diminuir o tempo do filme para 93 minutos. como resultado da briga entre o diretor e o estúdio, Missão Babilônia não chegou a ser exibido à imprensa especializada norte-americana e quase não ganhou promoção.
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se o começo do filme surge de uma forma bastante interessante, o restante é uma bobagem só. o filme acaba por se tornando uma cópia mal feita, ou mesmo uma sátira, do ótimo 'filhos da esperança', de alfonso cuarón. kassovitz demonstra o mesmo mal de todos os seus filmes: um interessante e surpreendente início que, ao chegar em seu clímax, se demonstra uma babaquisse só. quem assistiu o fraquíssimo 'na companhia do medo', do mesmo diretor, entenderá o problema.
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vin diesel tenta dar o seu melhor, em um personagem que ele já recriou repetidas vezes, mas o roteiro não ajuda e ele acaba parecendo um ator charlatão. e o resto do elenco é medonho: michelle yeoh tem uma personagem com frases ridículas e gérard depardieu ganhou uma maquilagem que aumenta ainda mais seu nariz, e relembra o pinóquio.
o pior do longa é a empolgação que ele nos dá no início, para na segunda metade destruir toda a animação e demonstrar um filme fraco e mal produzido. pessoalmente, é um dos piores filmes que já vi.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

crítica ao filme "ensaio sobre a cegueira"


em "ensaio sobre a cegueira", fernando meirelles mostra como poderia a sociedade, tida como civilizada, desmoronar-se, caso ficasse exposta a uma eventual epidemia de cegueira branca, em decorrência da qual começassem a lhe faltar as condições de conforto e de segurança, a que está normalmente habituada.

com base no romance-parábola homônimo de José Saramago, o filme, que tem roteiro de don mckellar, que também interpreta o ladrão, por não dar nomes às personagens, por incluir três narradores e por usar, em demasia, imagens obscurecidas ou desfocadas, dá noção de que teria sido feito com o nada apreciável propósito de apenas confundir o bom burguês, razão pela qual, como acredito, não foi, nem poderia ter sido, bem recebido na sessão de abertura do último festival de cannes.

é evidente que não cabe comparação do filme com a obra literária. primeiro, porque as linguagens são diferentes. e, segundo, porque saramago - grande prosador e clássico estilista, mas incerto como filósofo - se manifestou de acordo com a adaptação, difícil, por sinal, de ser realizada. essa atira para todos os lados, em termos ficcionais, a fim de atingir um certo alvo, isto é, sugerir sentido para a metafórica cegueira branca, leitosa, que contamina a sociedade, como se fora uma peste.

a cegueira seria, metaforicamente, em primeiro lugar, a incapacidade de as pessoas atentarem para o que estão vendo à sua volta, ou seja, de enxergarem, mas não repararem como, por exemplo, no absurdo teatro de Ionesco, o avanço do estado totalitário, que cerceia, como se fora com cerca de arame farpado, a liberdade individual: seria aquele cego que não quer ver, segundo observa uma das mais revoltadas personagens, um contador, que logo é morto.

a cegueira seria, numa segunda hipótese, a falta de liderança: se um cego dirige outro cego, acabarão ambos por cair no abismo, retomando o sentido da famosa parábola de origem bíblica. mas, no caso, entre os cegos, perdidos, confusos, postos pelo Estado, em quarentena, num albergue imundo com o objetivo de manter sob controle a epidemia, há uma mulher (juliane moore) que enxerga e que repara.

ela é esposa de um oftalmologista (mark ruffalo) e possivelmente a personagem menos convincente da história no seu afã de pretender organizar, na situação extrema - a da cegueira branca - uma coletividade em pânico. como líder, entretanto, a mulher avança sob o aspecto puramente individual de vigiar e de cuidar do marido, mesmo depois de vê-lo numa cena amorosa com a garota de óculos escuros (alice braga), a cega mais jovem e bonita da corporação de quarentena.

a última hipótese, inacreditável, seria a falta de fé da humanidade... seria? ora, pois, os cegos, depois de quase se devorarem uns aos outros, mesmo num bacanal (vide estupro coletivo), depois de botarem abaixo os conceitos de moral e de dignidade humana para enfrentar a ala do mal, comandada por um indivíduo sequioso por sexo, "rei da ala 3" (gael garcía bernal), em troca de comida – uma alegoria até certo ponto justificada para o vale-tudo da situação atual brasileira - conseguem, finalmente, a liberdade.

ao atingirem as desoladas e sujas ruas e avenidas de uma cidade não identificada deste mundo globalizado, os cegos, sempre liderados pela mulher do oftalmologista, passam por uma igreja, onde ouvem uma pregação sobre a vida de São Paulo, que se teria livrado da cegueira – não da branca, que é nova, criada por saramago - depois de sua conversão ao cristianismo.

em seguida os cegos voltam às ruas e se deixam banhar por forte chuva que, vinda dos céus, os purifica, num ritual próprio do antigo testamento. e assim, depois da expiação dos pecados e da recuperação da fé perdida, cada um deles vai, aos poucos, se libertando da cegueira branca e retomando a visão.

os cegos são logo conduzidos para o apartamento do oftalmologista e lá, em contato com o aparato doméstico, se sentem mais seguros, fazendo planos para o futuro, já reunidos ao homem com venda preta nos olhos (danny glover), que se revela também como um dos narradores. mas a mulher do médico, líder da horda, resta, na janela, um tanto quanto frustrada, desolada, em relação ao que vira durante o período da quarentena.

apesar dos desacertos de argumento e de roteiro, fernando meirelles dá seu show de direção nos vinte minutos iniciais do filme, quando, ajudado pela fotografia, de pinceladas brancas sobre a tela, causa impacto na platéia pela maneira eficaz como compõe planos e faz enquadramentos das personagens. depois que a dubiedade de linguagem dele se esgota e a rotina do claustrofóbico isolamento se impõe, a narrativa perde força, brilho, e o ritmo do filme cai violentamente.

são os atores - principalmente juliane moore (excelente, como sempre, na interpretação da mulher do médico) - os que seguram realmente a peteca, melhor dizendo, o interesse do espectador pelo ensaio até o final dos 120 minutos de projeção. de fato, moore cria uma personagem que transcende o argumento e as indicações do roteiro, quase no mesmo tom da que interpretara em filhos da esperança, de alfonso cuarón. assim, quando se apagar da memória do espectador o blá-blá-blá da cegueira branca, a personagem de juliane moore continuará para sempre lembrada. para sempre.

ensaio sobre a cegueira
blindness
brasil/canadá/japão/ 2008
duração – 120 minutos
direção – fernando meirelles

elenco – mark ruffalo, juliane moore, yosuka iseya, yoshino kimura, alice braga, don mckellar , danny glover, gael garcía berna.