terça-feira, 10 de novembro de 2009

låt den rätte komma in (deixa ela entrar)


acabei de assistir låt den rätte komma in e não me decepcionei. li muitas coisas acerca do filme, mas nada me preparou pra um filme tão original.

você seria perdoado se, ao ler a sinopse, resolvesse não assistir ao filme. afinal, um drama romântico sobre a relação entre um garoto e uma garota, sendo que um deles é um vampiro, não é nada diferente do que se pode encontrar em “crepúsculo”.
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mas não se preocupe, o filme passa longe da tão comentada série. na verdade, é tudo que “crepúsculo” queria ser, mas não foi: bonito para olhar, dolorosamente romântico, envolvente de forma emocional e inesperadamente terrível.

adaptado por john lindqvist, de seu próprio romance, o longa conta a história de oskar, um frágil garoto de 12 anos que parece viver no seu próprio mundo. na escola, é atormentado pelos meninos mais velhos e maiores. seu único amigo também logo o abandona para ficar com os outros garotos. em casa, passa boa parte do tempo sozinho enquanto a mãe trabalha. não é a toa, que a chegada de eli, sua nova vizinha, é um acontecimento em sua vida.
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no começo parece apenas um bom filme de suspense, mas depois vai se mostrando algo totalmente inédito: suspense, com cenas meio chocantes, mas que conta na verdade uma história de amor. pra quem gosta de filmes alternativos e diferentes, pra quem gostou de filmes como "o labirinto do fauno" , é um prato cheio.

num dado momento, ele pergunta para a menina se ela é um vampiro. mas o que ele diz depois transforma o filme em algo tão comovente quanto tocante: quer ser minha namorada?
o diretor conseguiu não apenas um apuro visual, em seus tons frios, mas também duas performances memoráveis dos jovens atores.


a neve é uma constante numa paisagem gélida, assim como os ambientes interiores sempre parecem frios e claustrofóbicos. em meio a esses tons de branco e azul acinzentado, sempre que o sangue irrompe é um vermelho forte que se destaca e nos faz lembrar da condição humana dos personagens e de nós mesmos.

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ok. não tem como descrever a história e passar toda a profundidade dos personagens, nem a excepcionalidade das cenas. é uma historia comovedora de um delicadeza e sensibilidade extrema. um diretor que consegue fazer com que uma cena de assassinato seja delicada, e que chega a ser bonita, merece a nossa atenção. esse tal de tomas alfredson fez uma obra-prima, um verdadeiro milagre nestes tempos de tanto filme comercial e insípido.

se os efeitos não são hollywoodianos e o longa não é cheio de sustos e viradas mirabolantes, não quer dizer que o filme seja ruim. pelo contrário. a graça e sensibilidade estão na forma como o diretor enfatiza a história de amor em seu centro.

o filme é totalmente distinto de outros filmes de vampiros, e talvez mais atraente para adultos do que adolescentes bobinhos em busca de sangue e mortes assustadoras. e como muitas obras memoráveis parece ter surgido do nada. uma grata surpresa para ver e se apaixonar.


você tem que ver por si próprio e mergulhar em uma realidade que poucos conseguem criar. o filme deixa uma mensagem de amor incondicional, se isso não for percebido, não há o que ver. se você espera um filme de terror, ou algo aprecido com crepúsculo, não o veja. a visão romantizada dos vampiros, não existe nesse filme. o que reina é uma realidade crua que chega a ser explícita.
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o que me deixa triste é que um filme como esse jamais vai ser exibido aqui em manaus, nos cinemarks da vida. quem sabe um dia, quando "velozes e furiosos" não for eleito o filme do ano pela imprensa local. salve a internet, que nos possibilita ter acesso a filmes como esse.

ahhh, e é melhor ver o original antes que chegue o remake hollywoodiano que, certamente, vai deixar de fora tudo aquilo que importa nesse filme e banalizá-lo numa simples história de vampiros.



pra quem quiser conferir, segue o filme dividido em dois arquivos e hospedado no megaupload:

låt den rätte komma in
, 2008
drama - 114 minutos - suécia

arquivo 1 - 236MB
arquivo 2 - 220MB

1 comentários:

ksksrots disse...

O filme é realmente otimo e surprendente em todos os sentidos possiveis!!!!!!!!!!
obs: crepúsculo não quis ser dolorosamente romântico e inesperadamente terrível. Bonito de ver e envolvente de forma emocional foi a verdadeira vontade de stephanie, ela consiguil. Vale lembrar que crepúsculo e deixe ela entrar são filmes que embora falem sobre vampiros tem sentidos completamente diferentes. Por fim os dois conseguiram ser perfeitos!!!!!!